7 de setembro, o que Dom Pedro I tem a ver com a independência do Brasil

A data de 07 de Setembro é uma incógnita no país. É o marco da independência do Brasil frente a Portugal, porém, em termos comemorativos, o evento passa de maneira desapercebida. Temos algumas comemorações militares e, em termos de grandes proporções, fica por isso mesmo. Isso passa exatamente por como o processo de independência foi liderado por Dom Pedro.

Para entender esse processo, precisamos partir de um ponto: por que proclamar a independência se as elites brasileiras temiam o processo? 

O século XIX nas Américas foi muito efervescente. Diversas lutas de independência no que antes era a América espanhola demonstravam uma experiência política e social que não agradava às elites da América portuguesa.

Isso se deve, principalmente, por causa desses novos países que surgiram aqui na vizinhança adotarem a República como modelo político. As elites escravocratas, principalmente as centradas no Rio de Janeiro – à época, capital -, temiam que a independência do Brasil também representasse o fim de alguns privilégios que aquela proximidade com Dom Pedro, como príncipe regente, garantia. O principal privilégio: a escravidão.

As Repúblicas formadas na América vizinha constituíram países republicanos e abolicionistas, o que não garantia exemplos agradáveis para aquelas elites brasileiras. Além disso, outro ponto também se apresentou como crucial nesse receio do processo de independência: uma possível fragmentação, já que a América espanhola tinha se separado em diversos outros países. Isso ameaçaria uma possível expansão econômica territorial dessas elites litorâneas no Brasil.

Se existia um receio da independência, por que proclamá-la então?

É nesse ponto que emerge a figura de Dom Pedro como fundamental na liderança desse processo. A proclamação de um Brasil monarquista garantia àquelas elites a manutenção de um status aristocrático escravista, com o poder centralizado ainda nas mãos de uma Coroa, só que dessa vez não mais em Portugal, mas em Dom Pedro I, um príncipe nos Trópicos.

O conservadorismo do processo de independência do Brasil fez com que fosse o mais singular nas Américas. O Brasil foi o único a se tornar independente proclamando uma Monarquia, ainda escravista e a manter o território coeso, de maneira geral.

A centralidade na Coroa de Pedro I garantiu às elites a supressão daqueles receios revolucionários. Esse conservadorismo da independência, até os dias atuais, gera um incômodo em termos de comemoração: comemorar uma Monarquia escravista a ser declarada?

Fazendo uma comparação, um outro processo de independência no Brasil recebe mais festejos populares do que a independência oficial. Para quem é da Bahia, ou de família baiana, não precisa ser lembrado que o 02 de Julho marca a independência da Bahia frente às tropas portuguesas a partir de lutas populares. Até hoje, a data é muito comemorada com festas regadas a comidas, danças e cantoria, principalmente em terreiros de Umbanda e Candomblé, em que é conhecida como uma grande festa em homenagem a caboclos.

Por termos uma independência conservadora e aristocrática em termos oficiais, não podemos desassociar esse perfil de certa timidez de comemoração do 07 de Setembro nacionalmente. Se compararmos com o 02 de Julho baiano, percebemos que esse, por sua vez, dialoga muito mais com setores populares da sociedade brasileira, até os dias atuais.

Com o site R7