Após 26 anos, pecuarista réu por matar ex-companheira e namorado dela passa mal e julgamento é adiado
O julgamento do pecuarista Gilberto Luiz Rezende, o Gilbertinho, réu por contratar um pistoleiro para matar a ex-mulher e o namorado dela há 26 anos, foi adiado para esta quinta-feira (07/12), após a defesa não comparecer e o réu passar mal. O Tribunal do Júri estava marcado para a manhã desta terça-feira (05/12) na Vara Criminal de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.
O site entrou em contato com o advogado de defesa do réu, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
De acordo com o Ministério Público de Mato Grosso (MPMT), os crimes correm risco de prescrição pelas várias manobras adotadas pela defesa no decorrer do processo.
O desembargador pediu a prisão imediata do pecuarista em Paranatinga, a 411 km de Cuiabá. Gilberto foi preso no sábado (2), em ação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), para que fosse julgado.
Ele foi localizado em uma fazenda no Distrito de Santiago do Norte, onde tentou fuga pela mata, antes de ser capturado.
Na sessão, a defesa não compareceu e o réu passou mal.
Histórico
Segundo o MPMT, a primeira sessão de julgamento de Gilberto foi marcada para dezembro de 2009 e redesignada para maio de 2010, após a renúncia da defesa do réu.
Depois disso, uma nova sessão de julgamento foi agendada para o final de agosto do mesmo ano e acabou não acontecendo. Outro julgamento foi marcado para maio de 2011 e novamente não foi concretizado devido a um atestado médico apresentado pela defesa.
A quinta sessão foi agendada para março de 2015 e não foi concretizada em razão da apresentação de um novo atestado médico pela defesa. Em julho do mesmo ano, por falta de quórum, o julgamento não ocorreu.
Segundo o MPMT, em setembro de 2016, o réu foi submetido ao Tribunal do Júri e condenado a 28 anos de prisão em regime inicial fechado e sem direito a recorrer em liberdade.
Na ocasião, a defesa ingressou com habeas corpus no Tribunal de Justiça e obteve a liberdade provisória do réu. Além disso, apresentou recurso de apelação ao TJMT, que anulou o júri por violação à plenitude de defesa.
Posteriormente, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) cassou a decisão do TJMT e determinou que a apelação fosse julgada novamente para levar em consideração que a defesa, durante o Júri, não registrou na ata de julgamento qualquer vício do Júri. Em razão disso, a Justiça negou o recurso e manteve a condenação.
No entanto, após a apresentação de diversos recursos, a defesa conseguiu que o réu fosse submetido a novo Júri, designado para o dia 16 de outubro deste ano.
Devido a requerimentos apresentados pela defesa para substituição de testemunhas, o julgamento foi remarcado para o dia 31 de outubro, ocasião em que o advogado que representava Gilberto se recusou a realizar o Júri e abandonou a sessão. Foi aplicada uma multa e decretada a prisão preventiva do réu. O julgamento foi mais uma vez adiado para o dia 21 de novembro.
Segundo o MPMT, nesse intervalo, a defesa ingressou com habeas corpus e conseguiu substituir a prisão do réu por medidas cautelares. Na véspera da realização do julgamento, a defesa apresentou atestado médico e pediu para remarcar o Júri.
Em razão do descumprimento das medidas cautelares impostas a Gilberto, o juiz decretou a prisão preventiva. O novo julgamento agendado para esta terça-feira (05/12) foi novamente adiado.
O crime
De acordo com o Ministério Público, Marciana Siqueira da Silva e Ewandro Carlos Satelis foram mortos no dia 28 de agosto de 1997. As vítimas estavam em um veículo quando foram executados a tiros de armas de fogo efetuados por Adeir de Sousa Guedes Filho que, segundo o MPMT, foi contratado por Gilberto para executar o casal por ciúmes.
Gilberto é acusado de ter sido o autor intelectual dos crimes. O duplo homicídio foi praticado pelo suspeito que pertencia a um grupo criminoso na região.
Segundo o MPMT, Adeir de Sousa Guedes Filho foi julgado e condenado pelo duplo homicídio.