Após ser preso por extorsão, policial entrega esquema de “colegas”
A delação premiada de um policial civil de Mato Grosso aposentado foi o “norte” das investigações que revelaram a existência de uma organização criminosa na Polícia Judiciária Civil (PJC). O grupo é suspeito dos crimes de concussão (receber ou exigir propina em razão do cargo que ocupa), roubo (com uso de arma de fogo e violência, mantendo as vítimas sob seu poder), além de “importar, produzir, transportar ou vender drogas”.
Nesta segunda-feira (31/05), a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Ana Cristina Silva Mendes, aceitou uma denúncia do Ministério Público do Estado (MPMT) contra a organização criminosa formada por membros e ex-membros da PJC. A decisão da magistrada tornou 25 pessoas rés da Justiça.
Segundo a denúncia, as investigações tiveram início após um flagrante realizado contra o ex-investigador da PJC, Hairton Borges Júnior, e um dos réus – o investigador aposentado da PJC, Evanir Silva Costa. Eles tentaram extorquir R$ 20 mil de um homem suspeito de tráfico de drogas (que, por sua vez, denunciou que 6 policiais da PJC entraram indevidamente em sua residência, no bairro Altos da Glória, em Cuiabá).
Posteriormente ao inquérito policial que apurou a extorsão, Hairton Borges Júnior firmou um acordo de colaboração premiada, onde a existência da organização criminosa começou a ser revelada. A delação de outras duas pessoas, o policial militar Ananias Santana da Silva e o policial civil Daniel de Paula Melo, também teria contribuído com as investigações.
“Em momento posterior à instauração de inquérito policial, aportou no grupo especial proposta de acordo de colaboração premiada apresentada por Hairton Borges Júnior. Segundo o Ministério Público, posteriormente Ananias Santana da Silva e Daniel de Paula Melo manifestaram interesse em firmar acordo de colaboração premiada […] o Ministério Público alega que, com base nas informações levantadas no curso das investigações, foi possível constatar a existência, em tese, de uma organização criminosa armada”, diz o MPMT.
Na decisão que aceitou a denúncia do MPMT, a juíza Ana Cristina Silva Mendes manteve o sigilo das delações premiadas que revelaram a organização criminosa. Ela, porém, autorizou que os anexos dos depoimentos, que tivessem relação com os crimes que teriam sido cometidos pelos policiais civis, fossem juntados aos autos.
“Se os depoimentos dizem respeito a fatos ainda sob investigação, e – sobretudo – não abrangidos pela ação penal ou inquérito já instaurados, podem e devem, salvo decisão judicial em contrário, permanecer em sigilo”.
Com o site Folha Max