Bolsonaro perde em quase todo o Brasil, PT e PSDB ficam enfraquecidos
A eleição deste ano deixa alguns recados para 2022, para diferentes forças políticas e possíveis candidatos.
1º. Jair Bolsonaro sai derrotado, embora não se possa afirmar com clareza que isso signifique um enfraquecimento de sua força. Eleição municipal tem pouca correspondência com eleição nacional. Nas cidades, prevalece a preocupação com problemas locais.
2º. Mas… é fato que Bolsonaro não tem mais o toque de Midas que mostrou em 2018, elegendo gente do naipe de Wilson Witzel e deputados tresloucados do PSL.
3º. O DEM e o Centrão foram os grandes vencedores, aumentando bem o total de prefeituras sob seus comandos: DEM (+191), PP (+186), PSD (+114), Republicanos (+105) e Podemos (+72).
4º. O PT de Lula sai fragorosamente derrotado. Não governa nenhuma capital do país e perdeu 74 prefeituras no total.
5º. O PSDB de João Doria manteve São Paulo, mas também sai menor. Foi quem mais perdeu capitais e sai com 285 prefeitos a menos.
6º. O PDT sai como a principal legenda da esquerda, com o maior número de prefeitos, e Ciro Gomes mantendo Fortaleza, com a vitória de José Sarto.
7º. O PSOL sai bem maior do que entrou. Guilherme Boulos conseguiu fazer uma rara frente de esquerda em torno de si. E seu discurso da derrota, em tom de vitória, deu sinais de que ele quer protagonismo em 2022.
8º. O Novo elegeu apenas um prefeito.
9º. A derrota de Crivella entra para a biografia da Igreja Universal e de seu plano de poder, ainda que o Republicanos tenha aumentado em 105 seu número de prefeitos.
E, finalmente, a décima lição, talvez a que carregue mais significado:
10º. Os eleitores deram recado de que gostam também de candidatos educados, polidos, capazes de falar uma frase sem palavrão ou as calúnias, difamações, injúrias e ofensas que vinham marcando a política brasileira nos últimos anos. À direita ou à esquerda, venceu, com exceções, claro, quem soube disputar com civilidade.
GUILHERME AMADO – da Revista Época