Ex-secretário revela ‘cabide de emprego’ na Saúde de Cuiabá

Em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Huark Douglas Correia, revelou que sem necessidade a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) elevou consideravelmente o número de servidores contratados em cargos comissionados. O site teve acesso ao vídeo do depoimento.

Por causa das denúncias de irregularidades no órgão, o Emanuel Pinheiro (MDB) foi afastado da Prefeitura de Cuiabá, na terça-feira (19/10).

O ex-secretário afirmou que levou ao conhecimento do prefeito o ‘inchaço’ da folha de pessoal, mas que nenhuma medida foi tomada.

Em nota, Emanuel disse que recebeu com surpresa decisão que determinou o afastamento dele do cargo para apuração de contratação irregular de servidores da Saúde em Cuiabá.

Segundo o ex-secretário disse em delação, a Secretaria de Saúde não conseguia terminar o mês honrando com todas as obrigações financeiras por conta do valor da folha de pagamento. Além dos salários, há o pagamento mensal do prêmio saúde aos servidores.

Na delação, o ex-secretário destaca que, em 2018, foi feito um diagnóstico da folha de pessoal, constatando o excesso de servidores na Saúde, principalmente no setor administrativo.

Ele alegou que, durante a gestão dele, tentou reduzir o número de servidores, mas que ouviu do prefeito Emanuel Pinheiro que isso era um “ganho político”. “Então, ficou claro pra gente que a questão de pessoal era algo que a gente não iria ter gestão, essa questão ficou muito presa na Secretaria de Governo, juntamente ao gabinete do prefeito”, contou na delação.

Huark também comentou que pessoas eram empregadas por indicação política e que notou que servidores contratados entravam e saiam da pasta sem o seu aval.

O ex-secretário falou ainda que recebeu o pedido para não mexer com a questão dos servidores contratados por conta da governabilidade com os vereadores da Câmara Municipal de Cuiabá.

Huark chegou a ser preso duas vezes, em 2018 e 2019, por fraudes na Saúde.

Defesa

O advogado Francisco Faid, que faz a defesa de Emanuel Pinheiro, disse que vai entrar com recurso pedindo o retorno do prefeito afastado ao cargo.

Faiad destaca que a delação de Huark fala de contratações que aconteceram em 2018. Segundo ele, naquele ano, 1.500 servidores foram afastados das funções por licenças, o que teria motivado a contratação de servidores substitutos.

O advogado disse que a contratação temporária foi necessária para cumprir a demanda e disse estar confiante de que Pinheiro retornará às funções na Prefeitura de Cuiabá.

Com G1 de Mato Grosso