Extremistas invadem igreja, xigam e ameaçam padres, por causa de aluguel de espaço para ato pró Lula

Um grupo de católicos de extrema-direita, invadiram a secretaria da paróquia São José Operário, paróquia localizada na Vila Operária, na cidade de Rondonópolis, cidade a 220 km da Capital Cuiabá, e quem tem a frente o Padre Lothar, gritando palavras de ordem, xingando e até ameaçando os dois padres que estavam ali presente, causando um verdadeiro terror e medo a todos os presentes, dizendo que: “Nos aguardem que domingo viremos na missa!”, “Bando de comunistas” “Apoiando ladrão” e mais frase afins. O fato foi levado até o novo bispo da Diocese Rondonópolis-Guiratinga, Dom Maurício Jardim, que achou por bem solicitar que a paróquia da Vila Operária cancelasse o contrato de locação do salão paroquial – onde seria realizado o ato de apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. . A coordenação do grupo Pró-Lula deve divulgar uma nota ainda ontem(26/10) e definiu como novo local o Centro de Eventos Tulipas na região do Bairro Sagrada Família onde acontecerá o ato.O ato vai celebrar o aniversário de 77 anos do ex-presidente Lula e seria realizado no salão paroquial para homenagear também o padre Lothar Bauchowitz, que é pároco da Vila Operária e foi pioneiro na luta por direitos sociais em Rondonópolis.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que integrantes da extrema-direita chegaram a se mobilizar em grupos de whatsapp para programar agressões aos apoiadores de Lula e depredar a Igreja da Vila Operária, que fica ao lado do salão paroquial.

Grande parte da comunidade da Vila Operária se idginaram com a atitude destas pessoas, e nas redes sociais podemos ver vários relatos de moradores contrário a atitude deste grupo, teve um internauta que postou: “O salão paroquial sempre foi palco de atos políticos das mais diversas siglas políticas partidárias, e nunca tivemos nenhum fato deste naipe, um verdadeira ação acompanhada de discurso de ódio, que não é aceitável para os que pregam a fé em Cristo!”

Com medo de sofrer ataques durante a missa, um dos padres teve que se dirigir a delagacia para registrar um Boletim por ameaça.

Em nota pública, divulgada para a imprensa, Dom Maurício Jardim não comentou as ameaças de agressão e vandalismo.

Ele admite, porém, que pediu o cancelamento do contrato de locação por causa das movimentação nas redes sociais e por temer uma cisão na ‘comunhão’ entre os fiéis.

“Diante da repercussão nas redes sociais sobre o contrato de aluguel firmado pela Paróquia São José Operário da cidade de Rondonópolis, comunico que após um diálogo fraterno e respeitoso com o Pe. Volnei Weber, decidimos romper o contrato para garantir a comunhão que nos identifica como cristão católicos”.

CARTA

A decisão do novo bispo também teria sido motivada por uma ‘carta aberta’ que circulou em vários grupos de whatsapp e perfis de rede sociais. O documento, sem assinaturas e apócrifo, dizia que a realização do ato público era vista como uma ‘afronta a opinião particular dos paroquianos’. Em outro trecho reproduz informações já declaradas falsas pela Justiça para alegar que as propostas de Lula seriam ‘contrárias a fé católica’.

A reportagem foi informada que o bispo teria ainda recebido a visita de empresários bolsonaristas, que exigiram o cancelamento do contrato.

A Paróquia da Vila Operária existe há 56 anos e neste período o salão foi utilizado várias vezes para manifestações de cunho social e político, sem distinção de ordem econômica ou ideológica.

Os contratos de locação são analisados pelos padres e passam também crivo do Conselho Econômico Paroquial. Nunca antes a paróquia teve a necessidade de cancelar contratos por pressões políticas ou de outros motivos.

“Sempre locamos o salão paroquial tanto para festas particulares como para eventos sociais e políticos, tanto da direita e da esquerda. Sempre alugamos esse salão e nunca tivemos problema”, disseram os padres da Paróquia em um outro documento que a reportagem também teve acesso.

Dom Maurício Jardim assumiu oficialmente a Diocese no último domingo. Ele sucedeu o bispo Dom Juventino Kestering, que morreu de Covid-19 no ano passado.

Dom Juventino também chegou a ser vítima de ataques de extremistas nas redes sociais, apesar de manter-se sempre distante da política partidária.

Eduardo Ramos – Do Site RegionalMT