Flamengo supera Altitude e dispara na Libertadores
Foram 60 minutos do mais vigoroso futebol do aclamado melhor elenco das Américas e 30 de uma apatia capaz de deixar até mesmo o torcedor que acompanhava do Brasil pela TV, no nível do mar, sem ar.
Na matemática, o Flamengo tem mais motivos para comemorar o 3 a 2 sobre a LDU, na altitude de Quito, pela terceira rodada da Libertadores. Mas os mais desconfiados não deixam de ter razão pela pulga atrás da orelha com um roteiro que se repetiu na volta do intervalo.
Os 2.850m de Quito devem sempre ser considerados em qualquer avaliação. O argumento, por sua vez, perde força quando se aponta semelhanças no comportamento do Flamengo do início do segundo tempo contra a LDU com o que foi visto na volta do intervalo diante do Unión La Calera, no Maracanã. Um time em baixa voltagem, que deu campo e bola ao adversário, e foi castigado, tanto no Equador quanto no Brasil.
No 4 a 1 da semana passada, os chilenos rondaram a área de Diego Alves e fizeram apenas um gol. No 3 a 2 da noite de terça-feira, os equatorianos exploraram pontos fracos do time de Rogério Ceni pela direita da defesa e no jogo aéreo para buscar o empate e somar incríveis 14 finalizações nos 45 minutos finais. Apenas duas na direção do gol, e dois gols marcados.
Feitos os adendos necessários pela reincidência seja na parte comportamental, seja nos vacilos pelo alto, é preciso também ponderar que houve muita coisa boa na atuação do Flamengo no estádio Casablanca. As marcas alcançadas falam por si: é o melhor início da equipe na história da competição e a primeira vitória sobre a LDU em Quito.
O primeiro tempo do Flamengo foi espetacular: inteligente, organizado e letal. Com a bola, a equipe de Ceni dosava energia e atacava de maneira vertical. A escolha por João Gomes na vaga de Gérson deu certo, manteve a estrutura, e o que se viu foi um bloco compactado vestido de vermelho e preto ditando as ações e dando de ombros para altitude.
O Flamengo preparava a armadilha para a LDU com uma linha defensiva alta e ajustada, e atacava com aproximação e movimentação. Everton Ribeiro teve uma noite digna dos melhores tempos e fôlego de sobra para jogar e auxiliar Isla na marcação.
Foi dele o passe para Gabriel abrir o placar. Pouco depois, obrigou o goleiro a fazer grande defesa em chute de fora da área. Além de uma série de bons passes e dribles da banda do campo para o centro.
Bruno Henrique ampliou em chutaço de fora da área e não seria exagero se o Flamengo fosse para o intervalo com uma vantagem ainda maior. Atuação como esse time ainda não tinha tido na altitude.
O apagão da volta do intervalo já foi explorado parágrafos acima e mesmo quando conseguiu equilibrar as ações, com a entrada de Hugo Moura na vaga de João Gomes, reforçando o poder de marcação, o Flamengo se protegia mais do que se expunha.
A opção era evidente: espetada em contra-ataque. E foi assim, de maneira calma e organizada, que Filipe Luís achou Arrascaeta para sofrer pênalti.
Gabriel cobrou com perfeição, como já virou hábito, igualou Zico na artilharia histórica do Flamengo na Libertadores e garantiu a vitória. A esta altura, o torcedor no Brasil já tinha recuperado o fôlego para gritar gol!
No fim, a uma hora de bom futebol sobressaiu aos 30 minutos de apagão. Mas é preciso alguém deixar a luz ligada. Na Libertadores, é melhor não brincar muito com o escuro.