Médico chama profissionais da enfermagem de ‘carniças incompetentes’ 

O Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren) aprovou durante reunião na quinta-feira (02/05) um desagravo público contra um médico de Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, que teria ofendido profissionais da enfermagem, chamando-os de ‘carniças incompetentes’.

Para cumprir o desagravo será realizado uma sessão solene na cidade para leitura da nota enviada ao agressor, para serem divulgadas as agressões verbais ocorridas.

O médico foi denunciado duas vezes por desrespeito aos profissionais da enfermagem e agressões verbais.

A primeira, em dezembro de 2020, ocorreu quando o médico ainda trabalhava no Hospital Municipal de Barra do Garças. Na ocasião, por uma divergência sobre leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ele chamou uma enfermeira de ‘poço de preguiça’ e que os profissionais eram ‘um bando de incompetentes’.

A segunda denúncia ocorreu em julho de 2021, quando o profissional afirmou que os profissionais da enfermagem eram ‘carniças incompetentes’ após eles negarem uma medicação com a justificativa de não garantir a segurança da paciente.

Segundo o Coren, o médico denunciado, que trabalha na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) que iria receber a paciente, chegou no hospital aos gritos e alegou que os enfermeiros deveriam apenas ‘obedecer as ordens médicas’.

Segundo os profissionais da enfermagem que trabalhavam no plantão, a paciente já havia recebido sedação uma vez e uma nova medicação desse tipo poderia provocar rebaixamento do padrão neurológico e respiratório, por isso era necessário uma nova avaliação médica.

Durante a discussão, que foi presenciada pelos trabalhadores e pacientes, ele afirmou que os profissionais da enfermagem eram um ‘bando de carniças incompetentes’ e que iria ‘rasgar’ o registro profissional deles.

Essa é a segunda vez na história do Coren que é aprovado um desagravo público. Esse instrumento serve para resguardar a dignidade do profissional, protegendo não apenas o ofendido, mas toda a categoria.

Relatora do processo, a presidente do Coren, Lígia Arfeli, reforçou que o Código de Ética Médica traz como dever do médico tratar todas as pessoas com civilidade e consideração, sejam elas profissionais da saúde ou pacientes.

“A ação deste médico não ofendeu apenas as enfermeiras e suas equipes, mas sim o próprio exercício da profissão. Ele ofendeu, denegriu e maculou a profissão da enfermagem e suas prerrogativas”, afirma Lígia.

“O Coren repudia as declarações do médico e toda e qualquer atitude semelhante à categoria da enfermagem no exercício da profissão”, diz trecho do relatório.

A sessão solene onde será lido o desagravo público será realizada em breve.