Motoristas de app relatam aumento no prejuízo, com alta de combustíveis
Os sucessivos aumentos na tabela de preço dos combustíveis têm criado um cenário de menor rendimento e maior desgaste mental para os motoristas de aplicativo. Do outro lado do banco, passageiros relatam alta no preço das viagens e também no tempo de espera.
Arenor de Figueiredo Júnior, 25 anos, que dirige há pouco mais de dois anos vinculado à Uber, contou que viu seu rendimento cair vertiginosamente nos últimos meses. Segundo o motorista, o gasto com combustível que antes era de 30% sobre o rendimento bruto saltou para 50%.
O jovem, que passou a rodar mais horas por dia, revelou ainda que vê cada vez mais motoristas desistindo de dirigir por aplicativos. Neste cenário, um dos principais descontentamentos diz respeito à falta de atualização nos repasses feitos aos trabalhadores pelas empresas às quais estão vinculados.
“Eu rodo meio período, cerca de 5 ou 6 horas. Eu mudei meu horário, aumentei. Daí o desgaste físico e emocional impactam bastante. O horário é bem corrido e a gente quando chega em casa se sente mais cansado”, afirmou à reportagem.
Para “driblar” a situação tida como pouco favorável, o jovem passou a adotar uma técnica que, segundo ele, tem se tornado cada vez mais comum entre os motoristas, que é concentrar o período de serviço em horários de pico.
A estratégia utilizada por Arenor é um recurso também aplicado nas viagens por João Vitor Oliveira, 24 anos. Motorista por aplicativo há cerca de um ano, ele chega a rodar até 7 horas por dia pelas ruas de Cuiabá.
Contudo, segundo João Vitor, há cerca de um mês o número de reclamação dos clientes aumentou, sobretudo quanto ao tempo de espera das viagens. O motorista apontou que há diversos motivos para esta mudança, mas também destacou a alta dos combustíveis.
“Diminuiu meu rendimento bem uns 30%. Vou mais nos momentos de dinâmica, trabalhar mais nesses horários é a melhor forma de ganhar mais e trabalhar menos. É tipo em uma parte da manhã, no horário do almoço e ao final da tarde”, afirmou.
Se para os motoristas o rendimento caiu, para os passageiros a situação também não melhorou. Segundo a técnica administrativa Júlia Campos da Silva, 27 anos, ir trabalhar por meio de uma viagem particular já não tem sido mais uma opção.
Com o histórico das viagens salvo no celular, a jovem calcula que o mesmo número de viagens que antes custava cerca de R$ 280 por mês passou a custar R$ 410. Além disso, o número de cancelamentos também subiu, aumentando assim o tempo de espera.
“Às vezes, eu acordava atrasada e pegava um uber para não chegar tarde, mas agora isso mudou. Eu mudei minha rotina para não precisar chamar mais pela manhã, não estou dando conta de pagar a conta do cartão. Eu imagino que não estão bom para eles [motoristas], mas com o dinheiro que gasto agora consigo pagar a parcela de um carro”, relatou.