MT lidera ranking de estados com maior índice de queimadas no Brasil
Com 1, 2 mil focos de calor em 14 dias, Mato Grosso lidera o ranking de estados com maior índice de queimadas, segundo uma análise do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com o Programa de BDQueimadas, desde o início do ano até essa sexta-feira (14/06), mais de 28 mil focos foram registrados no Brasil, sendo 7,4 mil somente em Mato Grosso. Especialistas apontam que o calor fora de época e a ação humana têm potencializado o grande número de queimadas.
Este é o 4° mês consecutivo que o estado lidera o ranking de estados com maior índice de queimadas. Se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram registrados pouco mais de 4,2 mil focos, o aumento foi de 76,19%.
Ao site, o doutor e professor de climatologia do departamento de geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Rodrigo Marques, disse que há a possibilidade de as queimadas atingirem todo o território mato-grossense, dentro de alguns anos, e que o fogo só cessará quando não houver mais vegetação no estado para ser incendiada.
“Acredito que essa ideia de que podemos chegar ao desmatamento zero só acontecerá quando não houver mais o que desmatar, infelizmente. Não há uma boa perspectiva. Acredito que o desmatamento zero vai chegar muito mais rápido do que prevemos, porque na velocidade em que está acontecendo, não haverá mais o que desmatar”, afirmou o professor.
O professor ressaltou ainda que as queimadas podem causar graves impactos na saúde humana. Ele destacou que os efeitos não se limitam a longo prazo, mas também são significativos à períodos curtos e médios.
“Uma população exposta à inalação de fumaça vai ter sérios problemas no sistema respiratório e problemas cardíacos. A curto, médio e longo prazo, as queimadas são um problema muito grande para a saúde pública. Tendo em vista que, quando temos altos índices de queimadas, aumenta o número de atendimentos, sobretudo por problemas respiratórios em crianças e idosos nas unidades de saúde”, explicou.
Rodrigo ressaltou que as enormes perdas de biodiversidade causadas pelas queimadas, afetam tanto a fauna quanto a flora. Ele mencionou o exemplo das queimadas no Pantanal em 2020.
“Existe uma perda muito grande de biodiversidade, tanto de fauna quanto de flora, por conta das queimadas. Haja vista o que aconteceu em 2020, onde tivemos uma grande área do Pantanal sendo devastada por queimadas criminosas. Então, o prejuízo é muito grande”, explicou.