Percival Muniz avalia: Onda bolsonarista é herança colonial e não dura muito tempo

A popularidade do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) trouxe uma inflação de candidatos de direita concorrendo à prefeitura de Rondonópolis (278 km da Capital). Ao comentar o contexto, o ex-prefeito e ex-deputado Percival Muniz considera que a onda de direita é “herança da colonização e da escravidão”, mas acredita que vai passar e não deve se sustentar no país por muitos anos.

Acredita que a falta de políticas sociais que reduzam miséria, seria o ponto fraco do conservadorismo e vê na divisão de candidatos no município uma vantagem a seu aliado e primo Thiago Muniz (DEM), que concorre ao Executivo.

“Um país como o Brasil, com a concentração de renda onde cinco grupos têm a renda de 130 milhões de pessoas, dificilmente o pensamento conservador é permanente. Vão conservar o que? A concentração de renda? A miséria? Os excluídos?”, questiona.

Acredita que se não fosse a pandemia de Covid-19, ele mesmo poderia ir às ruas nessas eleições pedir votos a Thiago que, segundo avalia, está alinhado com o centro sem deixar de dialogar com a direita. “É um momento diferente, não consigo ir fazer o corpo a corpo que gosto, com mais proximidade física. Esta é uma campanha gelada, separada, é estranho. Mas dou minha ajuda, da forma que eu posso”.

Percival foi militante político durante o período da Ditadura Militar e participou da redemocratização sendo deputado federal que representou Mato Grosso na elaboração da Constituição Federal de 1988. Com passado histórico na construção democrática, se diz decepcionado, apesar de realizado e grato ao reconhecimento da população. “O que sinto é frustração com a forma como a democracia brasileira ficou engessada. Político não consegue cumprir as promessas, a campanha é uma coisa e a realidade é outra”.

O avanço do pensamento de direita, mais ligado ao conservadorismo, é avaliado por ele como atraso. “Vivemos tempos de negacionismo, obscurantismo. Tivemos mais de 350 anos de escravidão, de colonização, não é de se estranhar que tenha isso agora. Essa postura elitista, escravocrata, concentradora renda. A onda bolsonarista é fruto da colonização… escravidão e colonização”.

Ele se define como “um idealista e sonhador” e diz que não pretende mais ser candidato. Percival aposta em candidatos que considera liberais e progressistas. Nos últimos anos, foi importante aliado na eleição dos governadores Pedro Taques e Mauro Mendes.

Inflação de candidatos da direita

A direita tentou, mas sem sucesso, se manter unida em uma candidatura e acabou se dividindo em Rondonópolis. Dos oito candidatos a prefeito, quatro deles estariam surfando na onda bolsonarista, segundo Percival. São eles: Luizão (Republicanos), Coronel Bonoto (PRTB), Ubaldo Tolentino (Cidadania) e Claudio Ferreira (DC).

“Ainda bem que se dividiram, não vão ter votos. É a onda do apagão democrático. No escuro surgiu essa onda, mas ela não se mantém porque dá oportunidade para poucos. A tendência é que liberais e progressistas prevaleçam”.

Andhressa Barboza do site RDNews