Pistoleiro é condenado a 55 anos de prisão por matar três pescadores em fazenda em MT

O ex-pistoleiro Édio Gomes Junior foi condenado, nessa quarta-feira (23), por ter matado três pessoas e ocultado quatro cadáveres em uma chacina que ocorreu em 2004 na Fazenda São João, que fica às margens da BR-364, entre Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, e é propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro. Ele ficou foragido por 17 anos.

Segundo o Ministério Público Estadual (MTMP), foram denunciadas sete pessoas por participarem da chacina e quatro deles foram condenados. Outro será levado a júri, outro está foragido e o último foi absolvido.

O julgamento de Joilson James Queiroz, acusado de ser o mandante da chacina, deve ocorrer em 2023, mas a data ainda não foi definida.

A chacina

A chacina aconteceu em março de 2004, na Fazenda São João, localizada às margens da BR-163, próxima ao Trevo do Lagarto, em Várzea Grande. No mesmo ano, o Ministério Público ofereceu denúncia à Justiça.

Durante as investigações, foram identificados oito envolvidos no crime, todos funcionários da propriedade do ex-bicheiro. Os suspeitos foram indiciados por homicídio qualificado — cometido por motivo fútil, uso de meio cruel e sem chance de defesa –, ocultação de cadáver e formação de quadrilha.

As vítimas, Pedro Francisco da Silva, José Pereira de Almeida, Itamar Batista Barcelos e Areli Manoel de Oliveira, foram mortas pelos funcionários da fazenda. Segundo a polícia, uma das vítimas foi morta a tiros e as outras três, amarradas e torturadas, antes de serem mortas por afogamento.

As versões constam na reprodução da chacina, realizada pela Polícia Civil em maio de 2004 a pedido do Ministério Público, da qual participaram dois dos investigados. Eles confirmaram que as vítimas foram amarradas e jogadas no lago em que pescavam e que demoraram pelo menos 20 minutos para morrer.

Depois de mortas, as vítimas tiveram os corpos jogados em uma área à margem da estrada na localidade de Capão das Antas, em diferentes pontos, a fim de dificultar as investigações.

O inquérito conduzido pela equipe do delegado Wylton Massao Ohara, à época, apurou que as quatro vítimas foram à fazenda para pescar para consumo de suas famílias em um dos tanques de peixe da propriedade, na manhã do dia 20 de março, quando foram surpreendidos pelos seguranças da fazenda e mortos.

Ainda de acordo com a polícia, como os quatro não retornaram para casa no dia seguinte, as famílias procuraram a polícia e as buscas começaram. Ainda no domingo, a Polícia Militar localizou as quatro bicicletas próximas à cerca da fazenda.

Conforme depoimentos prestados à DHPP durante as investigações, um dos funcionários confirmou que ele e outros dois seguranças da fazenda encontraram os quatro rapazes pescando no tanque de piscicultura e atiraram contra as vítimas. Uma delas correu para o mato para se esconder, mas foi morta com um disparo no abdômen, feito por um dos seguranças.

A polícia informou que as outras três vítimas foram rendidas e, então, o segurança, que foi preso em Sergipe, teria ligado para o gerente da fazenda dizendo que “três capivaras estavam presas e uma estava morta e que aguardavam a faca para arrancar o couro das que estavam vivas”.

Prisão

O ex-pistoleiro foi preso em 2021, após 17 anos foragido da Justiça. De acordo com a Polícia Civil, havia dois mandados de prisão decretados pela 1ª Vara Criminal de Várzea Grande contra Édio, sendo um deles por envolvimento na chacina.

A prisão de Édio ocorreu na praia de Atalaia Nova, em Barra dos Coqueiros (SE), após troca de informações entre a DHPP e a Polícia Civil de Sergipe. Segundo a polícia, ele estava morando no município há cerca de quatro anos e se apresentava com documentos falsos.

Denunciados

Além de Édio, já foram condenados Aderval José dos Santos, Noreci Ferreira Gomes e Valdinei Luiz Ademias da Silva. Alderi de Souza Ferreira está foragido e Joilson passará por júri popular.

O denunciado por ocultação de cadáver, Carlos Sérgio André, que dirigiu o veículo que levou os corpos até o local onde foram deixados e segurou um lanterna no momento dos crimes, foi absolvido a pedido do Ministério Público.

Com o G1 de Mato Grosso