Quatro pessoas são presas durante operação que investiga furto de energia 

Quatro pessoas foram presas suspeitas de integrar uma organização criminosa envolvida em furto de energia em Mato Grosso. A ação ocorreu durante a Operação Cattus, que também cumpriu sete mandados de busca e apreensão, nesta segunda-feira (24/06), em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá.

Segundo a poícia civil um dos investigados, junto com outros quatro comparsas, se juntaram para fazer a adulteração de medidores de energia elétrica em Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá. Para isso, contaram com apoio e participação de funcionários de empresas terceirizadas que prestam serviços à Energisa, concessionária de energia elétrica do estado.

A investigação, que partiu de uma denúncia da própria concessionária, revelou os responsáveis pela operacionalização da fraude e também que quatro pessoas se associaram para adulterar medidores e furtar energia elétrica, entre elas está um estabelecimento comercial que também é alvo da operação.

De acordo com a Energisa, apenas em 2023, a empresa registrou uma perda de 728 mil gigawatts em decorrência de fraudes e furtos de energia, o que corresponde a 14% de perdas não técnicas. Com isso, o estado deixou de arrecadar R$ 150 milhões em impostos.

Investigações

Os indícios reunidos no inquérito policial mostram que três investigados são sócios em empresa que presta serviços elétricos, sendo os responsáveis pela adulteração dos medidores e instalação nas residências de pessoas interessadas na utilização do mecanismo fraudado. Um dos investigados, também integrante da associação criminosa, é responsável pela recrutação de clientes interessados na fraude e fornecimento de software para operar a adulteração de medidores.

O suspeito, que trabalhava em uma empresa terceirizada que presta serviços à Energisa, era o responsável pela venda de lacres que garantem a segurança do medidor de energia e a troca de medidores. Ele também fornecia material como uniformes, botinas e lacres com a identificação da concessionária.

Além da adulteração dos medidos, os investigados ainda explicavam como a pessoa interessada devia proceder, dizendo para o cliente ligar na concessionária e solicitar um pedido aleatório. Com o protocolo do pedido, ele entrava em contato com outro investigado, que por sua vez acionava um funcionário da concessionária em Cuiabá, que gerava uma ordem de serviço para a troca de medidor compatível com o processo de adulteração, recebendo a quantia R$ 300 por medidor trocado.

Simulação de fiscalizações

Em outra frente criminosa, um dos investigados simulava fiscalizações da concessionária, forçando os clientes da Energisa que usavam medidores fraudados a pagar valores para não serem autuados.

A investigação apontou que após realizarem a fraude em medidores, eles criavam outra situação, simulando a fiscalização para lucrar tanto na adulteração quanto na suposta fiscalização. O suspeito vendeu a um dos comparsas um pacote com cem lacres de medidores pelo valor de R$ 400 e, com os lacres em mãos, dois investigados manipulavam os equipamentos para implantar a central dentro dos medidores, fazendo o lacre e deslacre sem gerar problemas aos donos das unidades consumidoras.

A equipe apurou ainda que o responsável em fornecer o programa de computador para adulteração dos medidores de energia disse aos comparsas que estava operando um novo mecanismo de adulteração, por leitura em cabo óptico. Apenas usando o computador, ele conseguiria fazer as adulterações e cobrava de R$ 800 a R$ 1 mil por adulteração, conforme o modelo do medidor.

O suspeito disse que conseguiu o software com uma pessoa em Cuiabá e que para operar o programa eram necessários apenas um desktop com capacidade de memória de três terabytes, pelo qual conseguia adulterar qualquer medidor com leitura óptica ou medidores digitais.

‘Clientes’

A investigação identificou que três pessoas, entre elas o dono de um lava jato, se beneficiaram do esquema criminoso de fraude de energia.

Informações reunidas no inquérito mostram que em fevereiro de 2022, dois investigados fizeram uma tratativa sobre o dono de um lava jato que estava interessado em fraudar o medidor de energia do estabelecimento. A indicação do estabelecimento foi feita por outra pessoa que já tinha se beneficiado da adulteração do medidor de energia elétrica.

Em março de 2022, um dos investigados que operava o esquema entrou em contato com um provável cliente interessado na adulteração do medidor de energia da residência. O responsável pelo esquema explicou ao ‘cliente’ a melhor forma de adulteração, com a técnica conhecida como bastão.