Golpes do Watts App, criminosos de MT agiam em mais de 15 estados, idosos tinham a preferência
Após a prisão de 7 pessoas de Mato Grosso que lucravam com golpes no WhatsApp, o Ministério Público de Minas Gerais revelou que os criminosos construíram uma ampla rede de atuação com crimes registrados em 15 estados brasileiros.
Os envolvidos no crime, que não tiveram suas identidades divulgadas, foram todos detidos em Cuiabá e na região da Baixada Cuiabana com a deflagração da Operação Camaleão. Contudo, o alvo principal da quadrilha eram vítimas de Minas Gerais.
Durante coletiva na tarde desta quarta-feira (6), o promotor de Justiça Mauro Ellovich afirmou que o grupo não atuava com um perfil de público específico. Contudo, disse que crimes virtuais encontram alta conversão em pessoas com menos contato com tecnologia, a exemplo de idosos.
Desse modo, o promotor afirmou que a rede criminosa disparava mensagens para diversas pessoas, podendo, inclusive, chegar a magistrados ou pessoas ligadas ao meio jurídico. Contudo, as ações obtêm mais sucesso com pessoas menos acostumadas com a exposição tecnológica.
“Os crimes costumam se consumar mais, ou seja, os criminosos conseguem obter o proveito ilícito, na maioria das vezes, com pessoas que estão menos acostumadas com o uso de tecnologia. Pessoas realmente mais idosas ou que não estão tão acostumadas com o uso de redes sociais”, afirmou.
A alta capilaridade dos criminosos entre as vítimas se dava por meio de um arsenal tecnológico e uma logística robusta utilizada pelo grupo. Exemplo disso se dá pela apreensão de 58 chips na casa de apenas um suspeito em Cuiabá.
Informações do Ministério Público apontam ainda que o grupo atuava com uma operacionalização de comando dividida em duas linhas. A primeira era responsável por levantar os dados das vítimas e aplicar os golpes enquanto a segunda fornecia os PIXs e sacava o dinheiro.
Sem um valor fixo para cada golpe, os criminosos fizeram ao menos 40 vítimas em Minas Gerais – considerando apenas o número de pessoas que realizaram o registro de ocorrência.
Contudo, segundo o promotor, há registro da penetração do grupo nos estados do Amazonas, Pará, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Apesar de os presos serem todos de Mato Grosso, há um pedido feito pelo Ministério Público para que sejam levados para responder em juízo no estado de Minas Gerais. Além disso, não está descartada a possibilidade de mais envolvidos nos crimes.
Por dia, segundo valor estimado pelas autoridades, o grupo chegava a lucrar até R$ 10 mil. Por conta disso, foi feito o bloqueio de R$ 1,8 milhão para ressarcimento das vítimas. O valor considera o prazo médio de atuação de 6 meses dos criminosos.
Detidos sob prisão preventiva, os presos prestarão depoimento e devem passar por audiência de custódia. Ao fim das investigações, caso sejam condenados, poderão ficar recolhidos por décadas mediante somatória dos crimes.
“Nos casos mais graves, seriam os crimes de organização criminosa, vários estelionatos em meio eletrônico, falsa identidade e lavagem de dinheiro, o que pode acarretar uma soma de mais de 30 anos de reclusão”, avaliou Ellovich.