Mato Grosso tem mais beneficiários de auxílio do que empregos formais

 Maioria dos municípios mato-grossenses têm mais beneficiários do Auxílio Brasil do que empregados formais. Esta situação é verificada em 66,6% ou 94 das 141 cidades do Estado, conforme levantamento realizado pela reportagem do Jornal A Gazeta com base nos dados de abril de 2022 do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência (MTP), e do Auxílio Brasil, do Ministério da Cidadania. Naquele mês, Mato Grosso tinha um estoque de 811.264 empregos com carteira assinada, enquanto o total de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) e que receberam recursos do programa de distribuição de renda foi de 657.273 por todo o Estado. Nas estatísticas do Caged são considerados apenas os contratos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sem incluir os servidores públicos, chamados de estatutários.

Em abril deste ano o valor mensal do Auxílio Brasil (substituto do Bolsa Família) era de R$ 400 por família. No mesmo mês, o salário médio de admissão no país foi de R$ 1.906, com acréscimo real de R$ 15 e variação de 0,7%, segundo o Caged.

O Auxílio Brasil é um programa de garantia do consumo autônomo, ou seja, de renda assegurada para consumidores sem emprego, observa o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Mamadu Lamarana Bari. Em Mato Grosso, o agronegócio é o carro-chefe da renda gerada no Estado. A questão é como os remanescentes do desemprego estão distribuídos, simplesmente permanecem como desempregados?, questiona.

Para o economista Vítor Galesso, embora Mato Grosso seja um estado rico, mantém elevada concentração de renda. Poucos ricos num estado que tem uma grande população pobre. Situação que é agravada pela atual política econômica brasileira, diz. O modelo federal hoje é concentrador de renda, sem uma distribuição através de impostos e investimentos públicos, exceto para os aliados (do governo), critica.

Bari entende que é preciso ir além e ponderar até quando o governo poderá manter uma política de distribuição de renda com base no orçamento público. Quais serão os lastros para a continuidade dos gastos? O aumento de impostos para a classe de renda mais alta? O teto de gastos com base na suspensão de reajustes dos salários de servidores públicos? Os cortes de gastos na educação e na saúde? Eis os dilemas do Estado em relação à renda e o desemprego, conclui.

Com o site Gazeta Digital