Tentando criar instabilidade, bolsonaristas espalham notícias de invasões de fazendas

Desde o último domingo (30/10), quando Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito o novo presidente do país, ruralistas apoiadores do candidato derrotado, Jair Bolsonaro (PL), têm intensificado o compartilhamento de notícias que dão conta de que propriedades rurais estão sendo invadidas por representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). As denúncias, entretanto, não são verdadeiras. 

Conforme apurou o PNB Online, nenhum dos casos relatados mantém relação com o MST. Em nota enviada à redação, o Movimento afirmou que rechaça as tentativas de criminalização de seus militantes, acusando-os de invasão. “O MST em Mato Grosso vem a público informar que as notícias que circulam nas mídias digitais, que trazem o MST como invasor das da Fazenda Canaã em Araputanga, Matupá e outras não têm cunho verdadeiro. Vale ressaltar, que as terras ocupadas pelo MST são latifúndios que não cumprem a função social como prevê a Constituição Federal”, traz o texto. 

Para o senador Carlos Fávaro (PSD), que, ao lado do deputado Neri Geller (PP), liderou o diálogo entre Lula e ruralistas, o intuito das mensagens, que circulam especialmente no Whatsapp, é criar insegurança na população. “Esse é um ato muito grave. O que me parece é que é mais uma grande fake news na tentativa de trazer instabilidade ao Brasil. Não parecem ser verdadeiros sem-terra, mas pseudo-sem-terras para criar um clima de invasão.É muito mais uma jogada estratégica de quem quer gerar fake news e insegurança para o povo brasileiro”, disse ao PNB Online.  

Fávaro defende que está claro, em declarações dadas pelo presidente eleito, que não haverá em seu governo incentivos a invasões de terra, como têm afirmado os bolsonaristas. Em entrevista dada à imprensa ainda durante a campanha, Lula chegou a dizer que os sem-terra não estão interessados em invadir terras produtivas, mas em “produzir, em organizar cooperativas, inclusive em chegar ao mercado externo”. 

“O próprio presidente Lula já se manifestou várias vezes. Não é nem o desejo do presidente dele ou não que vale. Nós temos leis que são muito claras. Terra invadida não é passível de Reforma Agrária. A justiça determina a reintegração e o Estado cumpre. Ninguém vai incentivar invasão de terra”, destacou.

Nesta segunda-feira (31/10), o prefeito de Itanhangá (492 km de Cuiabá), Edu Pascoski (PL), chegou a se manifestar desmentindo a informação de que fazendas estariam sendo invadidas no município um dia após a derrota de Bolsonaro, seu correligionário. O conteúdo das mensagens que vinha sendo compartilhado afirmava que uma fazenda, denominada São Paulo, próximo a Tapurah, estaria sendo invadida.

Confira a nota do MST na íntegra

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Mato Grosso vem a público informar que as notícias que circulam nas mídias digitais, que trazem o MST como invasor das da Fazenda Canaã em Araputanga, Matupá e outras não tem cunho verdadeiro. Vale ressaltar, que as terras ocupadas pelo MST são latifúndios que não cumprem a função social como prevê a Constituição Federal.

O MST Reitera seu posicionamento em defesa da comunicação e de seus profissionais, primando pelo princípio da verdade e da imparcialidade. Rechaçamos as tentativas de criminalizar o MST acusando-o de invasor de terras.

Por fim, o MST reafirma seu compromisso com a luta e a defesa da democracia. Sabe-se que esta tentativa de criminalização é fruto da grande ofensiva orquestrada pelo agronegócio e abonada pelo estado e pelo atual governo federal, que tenta a todo custo por meio de emendas, decretos e jogadas políticas, extinguir direitos e territórios já conquistados. 

Direção Estadual MST -MT