Vereador que matou agente socioeducativo tem o mandato cassado
A Câmara de Cuiabá aprovou, na sessão extraordinária desta quarta-feira (05/10), a cassação do mantato do vereador Marcos Paccola (Republicanos). Ele é investigado por quebra de decoro parlamentar pela morte do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, de 41 anos, em julho de 2022. Na Justiça, o parlamentar responde por homicídio qualificado.
Dos 20 vereadoreas presentes, 13 votaram a favor da cassação, cinco foram contrários e três se abstiveram.
A família de Alexandre e colegas de trabalho dele também acompanharam a sessão. .
O pedido de cassação foi protocolado pela vereadora Edna Sampaio (PT), que representou por quebra de decoro parlamentar, conduta incompatível da dignidade do cargo de agente político, homicídio doloso qualificado e afastamento imediato do cargo que se impõe.
Antes da votação, os vereadores comentaram o caso na tribuna da Casa. A vereadora Edna Sampaio discursou em apoio à cassação. Já o parlamentar Renato Motta (Podemos) disse que “a quebra de decoro é configurado quando o parlamentar está em exercício da profissão e, no dia, Paccola não estava”.
Já Fellipe Corrêa (Cidadania), que ocupa a vaga do licenciado Diego Guimarães, se declarou impedido de votar. Justificou ser o primeiro suplente da chapa de Paccola que ocuparia a vaga dele após a cassação. O presidente da Câmara, Juca do Guaraná (MDB), orientou que o suplente poderia se abster da votação.
Em defesa, Paccola disse que a votação do pedido de cassação é mais difícil do que o tribunal do júri e narrou a ação no dia do fato.
“Gostaria de me dirigir à família do Alexandre. Pode ter certeza que, em momento algum, eu me senti feliz ou me senti satisfeito com o resultado em se tratando, principalmente, de um colega de profissão. Naquele dia, se a decisão que eu tomei não fosse aquela, muito provavelmente eu não estaria aqui. Em uma situação onde duas pessoas encontram-se em um cenário portando arma de fogo, dificilmente a gente consegue ter um cenário diferente daquele que aconteceu”, disse.
Além disso, na sessão, o parlamentar leu um protocolo sobre técnicas de abordagem policial. Na tribuna, ele falou por duas horas para apresentar a defesa, na qual alegou que a Câmara não tem competência para julgá-lo, além de apontar supostas falhas no processo de cassação. Entre alguns pontos, Paccola destacou as perdas de prazos por parte da Comissão de Ética.
Ele ainda disse que, caso fosse cassado, acredita que a decisão possa ser revertida na Justiça e citou outras comissões processantes contra o prefeito da capital, Emanuel Pinheiro (MDB), na qual os vereadores votaram contra a cassação em razão das denúncias não terem transitado em julgado na Justiça.
Paccola também fez uma provocação ao relator da comissão, Kássio Coelho (Patriota), ao questioná-lo se ele parou a campanha nas eleições para ler os depoimentos no processo. “Nenhuma testemunha que eu arrolei foi ouvida”, afirmou. Além disso, ele também criticou a atuação do Ministério Público.
Ao final da defesa, Paccola pediu que os parlamentares votassem com consciência e baseados na própria convicção. “Independente do resultado, estamos prontos para seguir nosso caminho”, finalizou.
Com G1 de Mato Grosso